terça-feira, 27 de junho de 2017

LIÇÃO 9 - FUNDO HISTÓRICO E RELIGIOSO DO NOVO TESTAMENTO - PARTE II


                                GRUPOS RELIGIOSOS DO NOVO TESTAMENTO

Nos Evangelhos lemos sobre os sacerdotes, levitas, escribas e autoridades; de fariseus, saduceus, herodianos, samaritanos e galileus. E necessário que saibamos algo a respeito deles, quando surgiram e o sustentavam. Alguns deles apareceram no V.T. e outros no período inter-testamentario.

SACERDOTES

A palavra “sacerdote,” aparece nos Evangelhos uma dúzia de vezes e a palavra “sumo-sacerdote,” ou “principais dos sacerdotes,” 84 vezes. O sacerdócio judaico fora ordenado por Jeová no tempo de Moises, na tribo de Levi, e a função dos sacerdotes era estritamente religiosa; porem, apos o retorno do cativeiro babilônico, do tempo de Esdras e Neemias, o poder civil do estado passou as mãos dos sacerdotes, de modo que eram príncipes da região, bem como ministros da religião, e o cabeça desta ordem era o “sumo-sacerdote.” No tempo de Jesus, na sua maioria (Lc 1.5), enquanto religiosos de oficio eram carnais em espírito. Eram inimigos persistentes de Jesus, pois viam nele uma ameaça a ordem estabelecida, por isso conspiraram contra ele e foram os responsáveis intelectuais pela sua crucificação (Jo 18: 3,35).

                                                                  OS LEVITAS

Os Levitas eram descendentes de Levi. Eram aceitos no lugar dos primogênitos dos israelitas e pagavam a Arão o seu preço de redenção. Eram responsáveis pelo tabernáculo e pelo seu serviço cerimonial e não eram contados em Israel (Nm 3). São mencionados duas vezes nos Evangelhos (Lc 10:32; Jo 1:19).



OS ESCRIBAS

No tempo do N.T. os escribas eram estudantes, interpretes e professores das Escrituras Hebraicas e eram considerados de alta estima pelo povo. Eram inimigos declarados de Jesus e foram publicamente denunciados por Ele por tornarem a Palavra de Jeová sem nenhum efeito por causa de suas tradições (Mt 16:21; 21:15; 23:2; 26:3; Mc 12:28-40). Eram também chamados de interpretes da lei (Tora) (Mt 22:35; Lc 10:25; 11:45-53; 14:3).

OS FARISEUS

Os fariseus (separados) surgiram no tempo dos Macabeus e eram chamados de separatistas pelos seus inimigos por terem se separado da facção ambiciosa e política da nação. Eram os exponentes e guardas dos escritos e da lei oral. Sua crença era conservadora em distinção dos saduceus que eram mais modernistas e racionalistas. A ortodoxia religiosa deles era estéril e assim acusavam a Jesus (Mt 12:1-2; 23:1-33; Lc 6:6-7; 11:37-54; 12:1) como também a João Batista (Mt 3:7 -12)

OS SADUCEUS

Acredita-se que este nome e derivado de Zadok, o sumo-sacerdote do tempo de Salomão (I Reis 2:35). Faziam parte da facção aristocrática e política dos judeus e rivais dos fariseus. A sua crença era modernista. Negavam a existência dos espíritos, da ressurreição, e a imortalidade da alma. Alcançaram proeminência durante o tempo dos Macabeus e desapareceram depois da queda da nação judaica no ano 70 d.C., entraram em colisão com Jesus e foram condenados por Ele (Mt 16:1-12; 22:23-33).

OS HERODIANOS

Os herodianos eram um grupo mais político do que religioso. Tomaram o seu nome da família de Herodes e derivavam a sua autoridade do governo romano. Eram contrários a qualquer mudança de situação política e consideravam Jesus um revolucionário. Isto explica a forma como se aproximaram de Jesus e a sua condenação por parte Dele (Mc 3:6; 8:15; 12:13-17).


OS GALILEUS

Esta facção surgiu no norte da Palestina e foram seguidores de Judas da Galileia, o qual encabeçou uma rebelião contra a dominação estrangeira. Eram insistentes nos seus direitos e indiferentes aos direitos dos outros. Eram políticos fanáticos pelos seus direitos e até chegaram a uma violenta colisão com Pilatos (Lc 13:1-3. Os inimigos de Jesus tentaram identificá-lo e aos seus discípulos com este grupo (Mt 26:69; Mc 14:70, Lc 23:6).

OS SAMARITANOS

Os samaritanos eram uma raça misturada vivendo na província de Samaria. No ano 722 AC., Sargao II , imperador assírio, invadiu o reino do norte, Israel, cuja capital era Samaria e levou cativos os seus habitantes deixando para trás as pessoas mais pobres e fisicamente menos capazes. Mais tarde, pessoas da Babilônia, Hamate e de outras nações foram enviadas a Samaria e se misturaram com os israelitas restantes ensinando-lhes suas formas idolatras de culto. Esar-Haddon da Assíria um sacerdote da tribo de Levi, o qual habitou em Betel e lhes ensinou de novo a temer o Senhor. O resultado foi que ainda assim eles não abandonaram as suas imagens pagas. Quando em 535 AC., o segundo templo foi erguido os samaritanos ofereceram sua ajuda, a qual foi recusada (Esdras 4:1-3), o que resultou numa inveterada inimizade entre eles e os judeus ( do reino do sul-Judá), animosidade que estava em pleno vigor nos tempo de Jesus Mt 10:5; Jo 4:9). Por isso tudo devemos prestar muita atenção na passagem do leproso samaritano (Lc 17:16) e na parábola do bom samaritano (Lc 10:30-37).


OS ESSÊNIOS

Esta palavra deriva-se do grego “essenoi ou essaioi”, que por sua vez vem do símbolo egípcio “Choschen” que era usado para verter as palavras “Verdade e Luz”. Eles formavam uma seita judaica na Palestina durante o tempo de Jesus, mas não são mencionados no N.T. Nossas principais fontes de informações a respeito deles são Josefo e Philo (primeiro século), Plinio e Hipólito (segundo século). Os essênios viviam uma vida simples partilhando tudo o que tinham. Eles eram muito disciplinados, a maioria deles não era casado. O numero deles era de aproximadamente quatro mil ao todo.

Eles não participavam do serviço no templo, mas tinham um ritual próprio de purificação, guardavam o sábado e demonstravam grande veneração por Moisés. Um novo membro era aceito mediante um período comprobatório de três anos, apos os quais era exigido que este fizesse um juramento para que não revelasse aos de fora, nem as crenças nem as regras do grupo. Os essênios têm chamado a atenção publica ultimamente por causa da descoberta dos rolos do mar morto ou rolos de Qumran e por causa das escavações feitas no monastério Khirbet, onde provavelmente foram escritos.

Estes escritos e estrutura da construção dão evidencia de uma organização muito similar aos essênios. Esta estrutura foi ocupada do fim do segundo século antes de Cristo ate 135 d.C. Segundo alguns historiadores, eles estiveram em atividade durante este período. Estes escritos revelam que o povo da comunidade de Qumran eram ávidos estudantes das Escrituras Judaicas. A maioria deles pereceu com a invasão do Império Romano, os que sobreviveram e provável que tenham se tornado cristão.


DIÁSPORA (dispersão )

A palavra “diáspora,”que o corre três vezes no N.T., traduzida por dispersão (Jô 7:35; Tg 1:1; I Pe 1:1) e derivada de duas palavras gregas: speiro, que quer dizer: espalhar, com o prefixo dia, que significa: através de. As duas juntas significam “espalhados.” Moisés havia predito que se eles abandonassem a lei, seriam espalhados Lv 26:33-37; Dt 4:27-28; 28:64-68), e isto de fato se cumpriu quando os israelitas (reino do norte) foram para a Assíria em cativeiro em 722 a.C. e os judeus (reino do sul) foram levados por Nabucodonosor para Babilônia no ano de 527 a.C. A grande maioria destes não voltou para a Palestina, mas se estabeleceram nas cidades do império Grego e Romano (veja Atos 2:5; 9-11). Mais tarde, quando houve a perseguição dos cristãos, judeus convertidos espalharam-se por todo lugar (Atos 8:1,4) 11:19).

A SINAGOGA

As duas palavras gregas aqui juntas são “sun e ago,” que significam: congrega conduzir, trazer ou juntar-se. Assim sinagoga se refere ao lugar onde os judeus se reúnem. Esta instituição data do cativeiro da Babilônia, os judeus ali sentiram a necessidade de se aproximarem em pequenos grupos para reviverem suas tradições e cultura, já que distantes de sua terra não podiam mais frequentar o templo. A partir daí esta instituição começou estar presente transformou-se no ponto de encontro dos judeus no exílio. Lugar onde se reuniam para culto e instrução religiosa. Jesus estava familiarizado com a sinagoga, foi numa delas em Nazaré que Ele começou o seu ministério na Galileia (Lc 4:14-30). A palavra “sinagoga” aparece 34 vezes nos originais dos Evangelhos (Mt 4:23; 9:35; 12:9; 13:54; Jo 6:59). A frequência às sinagogas já é uma tradição de 2400 anos, sendo um importante instrumento na educação das crianças judaicas.

O SINÉDRIO

Esta é uma palavra interessante. Em grego “hedra” significa: um lugar de assentar e “hedrion” e sua forma diminutiva. “Sun” significa: junto com, dessa forma temos “sinedrion” que quer dizer: assentar-se junto com ou junta de conselho. A palavra aparece 22 vezes no N.T, das quais 8 estão nos Evangelhos, e traduzida por conselho, (uma vez), tribunal (três vezes) e sinédrio (quatro vezes). A ideia inicial deste corpo pode ser remetida ao tempo do rei Josafá (II Cr 19:8) ou ate mesmo ao tempo de Moisés (Nm 11:16,17). Nos dias de Cristo o sinédrio se constituía de:

1.    Os principais dos sacerdotes ou cabeças dos vinte e quatro cursos sacerdotais.
2.    Os escribas ou interpretes da lei.
3.    Os anciãos que eram representantes dos leigos.

        O conselho tinha setenta e dois membros, cujo presidente era o sumo-sacerdote que conservava este oficio por anos, e ate de forma vitalícia. Foi diante deste sinédrio que o nosso Senhor esteve naquela fatídica sexta-feira pela manha no palácio do sumo-sacerdote. Este foi um ato totalmente ilegal (Mt 26:57-68). O sinédrio tinha o direito de decretar a sentença de morte, mas não tinha o poder de executa-la (Jo 18:31; 19:7). Foi diante deste sinédrio que Pedro, João e Estevão permaneceram inabaláveis. (Atos 4:1-7,6:12,7:1)


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