GRUPOS
RELIGIOSOS DO NOVO TESTAMENTO
Nos Evangelhos lemos sobre os sacerdotes, levitas, escribas e
autoridades; de fariseus, saduceus, herodianos, samaritanos e galileus. E
necessário que saibamos algo a respeito deles, quando surgiram e o sustentavam.
Alguns deles apareceram no V.T. e outros no período inter-testamentario.
SACERDOTES
A palavra “sacerdote,” aparece nos Evangelhos uma dúzia de vezes e a
palavra “sumo-sacerdote,” ou “principais dos sacerdotes,” 84 vezes. O
sacerdócio judaico fora ordenado por Jeová no tempo de Moises, na tribo de
Levi, e a função dos sacerdotes era estritamente religiosa; porem, apos o retorno
do cativeiro babilônico, do tempo de Esdras e Neemias, o poder civil do estado
passou as mãos dos sacerdotes, de modo que eram príncipes da região, bem como
ministros da religião, e o cabeça desta ordem era o “sumo-sacerdote.” No tempo
de Jesus, na sua maioria (Lc 1.5), enquanto religiosos de oficio eram carnais
em espírito. Eram inimigos persistentes de Jesus, pois viam nele uma ameaça a
ordem estabelecida, por isso conspiraram contra ele e foram os responsáveis
intelectuais pela sua crucificação (Jo 18: 3,35).
OS
LEVITAS
Os Levitas eram descendentes de Levi. Eram aceitos no lugar dos
primogênitos dos israelitas e pagavam a Arão o seu preço de redenção. Eram
responsáveis pelo tabernáculo e pelo seu serviço cerimonial e não eram contados
em Israel (Nm 3). São mencionados duas vezes nos Evangelhos (Lc 10:32; Jo
1:19).
OS ESCRIBAS
No tempo do N.T. os escribas eram estudantes, interpretes e professores
das Escrituras Hebraicas e eram considerados de alta estima pelo povo. Eram
inimigos declarados de Jesus e foram publicamente denunciados por Ele por
tornarem a Palavra de Jeová sem nenhum efeito por causa de suas tradições (Mt
16:21; 21:15; 23:2; 26:3; Mc 12:28-40). Eram também chamados de interpretes da
lei (Tora) (Mt 22:35; Lc 10:25; 11:45-53; 14:3).
OS FARISEUS
Os fariseus (separados) surgiram no tempo dos Macabeus e eram chamados
de separatistas pelos seus inimigos por terem se separado da facção ambiciosa e
política da nação. Eram os exponentes e guardas dos escritos e da lei oral. Sua
crença era conservadora em distinção dos saduceus que eram mais modernistas e
racionalistas. A ortodoxia religiosa deles era estéril e assim acusavam a Jesus
(Mt 12:1-2; 23:1-33; Lc 6:6-7; 11:37-54; 12:1) como também a João Batista (Mt
3:7 -12)
OS SADUCEUS
Acredita-se que este nome e derivado de Zadok, o sumo-sacerdote do tempo
de Salomão (I Reis 2:35). Faziam parte da facção aristocrática e política dos
judeus e rivais dos fariseus. A sua crença era modernista. Negavam a existência
dos espíritos, da ressurreição, e a imortalidade da alma. Alcançaram
proeminência durante o tempo dos Macabeus e desapareceram depois da queda da
nação judaica no ano 70 d.C., entraram em colisão com Jesus e foram condenados
por Ele (Mt 16:1-12; 22:23-33).
OS HERODIANOS
Os herodianos eram um grupo mais político do que religioso. Tomaram o
seu nome da família de Herodes e derivavam a sua autoridade do governo romano.
Eram contrários a qualquer mudança de situação política e consideravam Jesus um
revolucionário. Isto explica a forma como se aproximaram de Jesus e a sua
condenação por parte Dele (Mc 3:6; 8:15; 12:13-17).
OS GALILEUS
Esta facção surgiu no norte da Palestina e foram seguidores de Judas da
Galileia, o qual encabeçou uma rebelião contra a dominação estrangeira. Eram
insistentes nos seus direitos e indiferentes aos direitos dos outros. Eram
políticos fanáticos pelos seus direitos e até chegaram a uma violenta colisão
com Pilatos (Lc 13:1-3. Os inimigos de Jesus tentaram identificá-lo e aos seus
discípulos com este grupo (Mt 26:69; Mc 14:70, Lc 23:6).
OS SAMARITANOS
Os samaritanos eram uma raça misturada vivendo na província de Samaria.
No ano 722 AC., Sargao II , imperador assírio, invadiu o reino do norte,
Israel, cuja capital era Samaria e levou cativos os seus habitantes deixando
para trás as pessoas mais pobres e fisicamente menos capazes. Mais tarde,
pessoas da Babilônia, Hamate e de outras nações foram enviadas a Samaria e se
misturaram com os israelitas restantes ensinando-lhes suas formas idolatras de
culto. Esar-Haddon da Assíria um sacerdote da tribo de Levi, o qual habitou em
Betel e lhes ensinou de novo a temer o Senhor. O resultado foi que ainda assim
eles não abandonaram as suas imagens pagas. Quando em 535 AC., o segundo templo
foi erguido os samaritanos ofereceram sua ajuda, a qual foi recusada (Esdras
4:1-3), o que resultou numa inveterada inimizade entre eles e os judeus ( do
reino do sul-Judá), animosidade que estava em pleno vigor nos tempo de Jesus Mt
10:5; Jo 4:9). Por isso tudo devemos prestar muita atenção na passagem do
leproso samaritano (Lc 17:16) e na parábola do bom samaritano (Lc 10:30-37).
OS ESSÊNIOS
Esta palavra deriva-se do grego “essenoi ou essaioi”, que
por sua vez vem do símbolo egípcio “Choschen” que era usado para verter
as palavras “Verdade e Luz”. Eles formavam uma seita judaica na
Palestina durante o tempo de Jesus, mas não são mencionados no N.T. Nossas
principais fontes de informações a respeito deles são Josefo e Philo (primeiro
século), Plinio e Hipólito (segundo século). Os essênios viviam uma vida
simples partilhando tudo o que tinham. Eles eram muito disciplinados, a maioria
deles não era casado. O numero deles era de aproximadamente quatro mil ao todo.
Eles não participavam do serviço no templo, mas tinham um ritual próprio
de purificação, guardavam o sábado e demonstravam grande veneração por Moisés.
Um novo membro era aceito mediante um período comprobatório de três anos, apos
os quais era exigido que este fizesse um juramento para que não revelasse aos de
fora, nem as crenças nem as regras do grupo. Os essênios têm chamado a atenção
publica ultimamente por causa da descoberta dos rolos do mar morto ou rolos de
Qumran e por causa das escavações feitas no monastério Khirbet, onde
provavelmente foram escritos.
Estes escritos e estrutura da construção dão evidencia de uma
organização muito similar aos essênios. Esta estrutura foi ocupada do fim do
segundo século antes de Cristo ate 135 d.C. Segundo alguns historiadores, eles
estiveram em atividade durante este período. Estes escritos revelam que o povo
da comunidade de Qumran eram ávidos estudantes das Escrituras Judaicas. A
maioria deles pereceu com a invasão do Império Romano, os que sobreviveram e
provável que tenham se tornado cristão.
A palavra “diáspora,”que o corre três vezes no N.T., traduzida por
dispersão (Jô 7:35; Tg 1:1; I Pe 1:1) e derivada de duas palavras gregas:
speiro, que quer dizer: espalhar, com o prefixo dia, que significa: através de.
As duas juntas significam “espalhados.” Moisés havia predito que se eles
abandonassem a lei, seriam espalhados Lv 26:33-37; Dt 4:27-28; 28:64-68), e
isto de fato se cumpriu quando os israelitas (reino do norte) foram para a
Assíria em cativeiro em 722 a.C. e os judeus (reino do sul) foram levados por
Nabucodonosor para Babilônia no ano de 527 a.C. A grande maioria destes não
voltou para a Palestina, mas se estabeleceram nas cidades do império Grego e
Romano (veja Atos 2:5; 9-11). Mais tarde, quando houve a perseguição dos
cristãos, judeus convertidos espalharam-se por todo lugar (Atos 8:1,4) 11:19).
A SINAGOGA
As duas palavras gregas aqui juntas são “sun e ago,” que
significam: congrega conduzir, trazer ou juntar-se. Assim sinagoga se refere ao
lugar onde os judeus se reúnem. Esta instituição data do cativeiro da
Babilônia, os judeus ali sentiram a necessidade de se aproximarem em pequenos
grupos para reviverem suas tradições e cultura, já que distantes de sua terra
não podiam mais frequentar o templo. A partir daí esta instituição começou
estar presente transformou-se no ponto de encontro dos judeus no exílio. Lugar
onde se reuniam para culto e instrução religiosa. Jesus estava familiarizado
com a sinagoga, foi numa delas em Nazaré que Ele começou o seu ministério na
Galileia (Lc 4:14-30). A palavra “sinagoga” aparece 34 vezes nos originais dos
Evangelhos (Mt 4:23; 9:35; 12:9; 13:54; Jo 6:59). A frequência às sinagogas já
é uma tradição de 2400 anos, sendo um importante instrumento na educação das
crianças judaicas.
O SINÉDRIO
Esta é uma palavra interessante. Em grego “hedra” significa: um lugar de
assentar e “hedrion” e sua forma diminutiva. “Sun” significa: junto com, dessa
forma temos “sinedrion” que quer dizer: assentar-se junto com ou junta de
conselho. A palavra aparece 22 vezes no N.T, das quais 8 estão nos Evangelhos,
e traduzida por conselho, (uma vez), tribunal (três vezes) e
sinédrio (quatro vezes). A ideia inicial deste corpo pode ser remetida ao tempo
do rei Josafá (II Cr 19:8) ou ate mesmo ao tempo de Moisés (Nm 11:16,17). Nos
dias de Cristo o sinédrio se constituía de:
1. Os principais dos sacerdotes ou cabeças dos vinte e
quatro cursos sacerdotais.
2. Os escribas ou interpretes da lei.
3. Os anciãos que eram representantes dos leigos.
O
conselho tinha setenta e dois membros, cujo presidente era o sumo-sacerdote que
conservava este oficio por anos, e ate de forma vitalícia. Foi diante deste
sinédrio que o nosso Senhor esteve naquela fatídica sexta-feira pela manha no
palácio do sumo-sacerdote. Este foi um ato totalmente ilegal (Mt 26:57-68). O
sinédrio tinha o direito de decretar a sentença de morte, mas não tinha o poder
de executa-la (Jo 18:31; 19:7). Foi diante deste sinédrio que Pedro, João e
Estevão permaneceram inabaláveis. (Atos 4:1-7,6:12,7:1)
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