quinta-feira, 29 de junho de 2017
terça-feira, 27 de junho de 2017
LIÇÃO 10 - O LIVRO DO GÊNESIS (BERESHIT) E A ARQUEOLOGIA MODERNA
Em 1849 o arqueólogo Henry
Layard encontrou na antiga capital dos assírios Nínive, na colina de Kuiundjik,
o palácio de Assurbanipal (884-859
a.C.), que abrigava uma biblioteca composta de milhares de volumes, os quais
constituem a chave para a compreensão de
toda a civilização assírio-babilônica. Seus volumes englobavam toda a sabedoria
do seu tempo: ocultismo – filosofia – astronomia – listas dos reis – relatos
históricos – literatura poética – canções e hinos sagrados. Composta na sua
maioria de cópias dos originais babilônicos muito mais antigos. Um tesouro de
valor incalculável que, devidamente acondicionado, partiu para a longa viagem
de Nínive á Inglaterra e ao Museu Britânico. O seu valor, porém só foi revelado
decênios mais tarde, quando se tornou possível decifrar os textos. Na época,
não havia ninguém no mundo que soubesse lê-los. Malgrado todos os esforços, as
tabuinhas permaneciam mudas. Pouco antes de 1900, nas sóbrias salas do Museu
Britânico, os velhos textos começaram a narrar de novo, após uma pausa de dois
mil e quinhentos anos, um dos mais belos poemas do antigo Oriente, a cantar
pela primeira vez para os assiriólogos a epopeia de Gilgamesh, o rei de Uruk
meio deus, meio homem.
Está escrito em acádico, a linguagem diplomática da época do rei
Assurbanipal. Este tablete é uma cópia
daquela que se encontrava na biblioteca da Babilônia no tempo do grande rei Hamurabi. Na epopeia
original, um clássico da literatura suméria, esculpido há 5 mil anos. Lemos a história de Ziusudra, um herói que
sobrevive a uma enorme enchente graças a sua devoção ao deus Enki. Esta
Divindade teria decidido destruir a humanidade, mas poupado o seu eleito e o
aconselhou a levar consigo as sementes de todos os seres vivos. Ziusudra
esperou sete dias, até soltar uma andorinha, um pombo e um corvo para verificar
se a água já havia baixado. Mil anos depois, esta lenda sumeriana ressurgiria
em um mito da Babilônia, a epopeia de Gilgamesh, relato da vida de um rei
sumério que governava a cidade de Uruk. Neste relato, idêntico ao anterior, o
personagem Ziusudra reaparece como Utnapishtim, o deus Enki como Ea. Qualquer
semelhança entre os relatos mesopotâmicos
com o do Gênesis não é considerado mera coincidência pelos
estudiosos.
A epopeia de Gilgamesh
pertence aos tesouros culturais de todas as grandes nações do antigo Oriente.
Sem dúvida a redação original desta narração, o mundo deve aos sumérios, cujo
povo erigiu a primitiva Ur. Gilgamesh, diz
a inscrição cuneiforme da tabuinha XI da Biblioteca de Nínive, está
decidido a assegurar sua imortalidade e empreende uma longa e aventurosa viagem
a fim de encontrar seu antepassado Utnapishtim, do qual espera saber o mistério
da imortalidade, que os deuses lhe conferiram. Chegando a ilha onde vive
Utnapishtim, Gilgamesh interroga-o sobre o mistério da vida e este conta-lhe que viva em Shuruppak e era um
fiel adorador do deus Ea. Quando os deuses tomaram a resolução de exterminar a
humanidade por meio de uma inundação, Ea avisou-lhe dando a seguinte ordem:
“Homem de Shuruppak: destrói tua
casa e constrói um navio. Abandona as riquezas despreza os bens e salva a vida!
Introduza toda sorte de semente de vida no navio que deves construir, as medidas
devem ser bem tomadas”.
A fim de facilitar a
comparação entre a narração bíblica com Noé e a de Gilgamesh com Utnapishtim
examine o Gênesis (capítulo 6 até 8:21;). Segue a narração babilônica:
“No quinto dia tracei sua forma., sua base media doze Iku (três mil e quinhentos metros quadrados).
Suas paredes mediam dez gar de altura cada uma (seis metros).
Dei-lhe seis andares. Joguei no forno seis sar (medida desconhecida) de
breu.
Tudo que eu tinha carreguei e
toda a sorte de semente de vida.
Coloquei no navio toda a minha família e parentela.
Toda cólera de Adad chega até o
céu, toda a claridade se transforma em escuridão.
Seis dias e seis noites sopra o vento, o dilúvio, a tempestade do sul
assola a Terra.
Quando chegou a sétimo dia, a tempestade do sul, o dilúvio, foi abatida.
O mar se acalma e fica imóvel, e toda a humanidade se transforma em
lodo.
Abri o respiradouro e a luz caiu no meu rosto. O navio pousou no monte
Nisir.
O monte Nisir prendeu o navio e não o deixou flutuar.’
Os babilônios, assírios, hititas e os egípcios, leram e contaram esta história uns aos
outros.
HERÓIS ANÔNIMOS
A verdade precisa ser
estabelecida quanto ao autor deste majestoso achado, se Henry Layard encontrou
a biblioteca de Assurbanipal, não é menos verídico que as placas contendo a
epopéia foi achada pelo seu assistente Hormuzd Hassan, honra a quem também a
merece.
Neste episódio também
sejamos justo e não esqueçamos de um outro herói anônimo. No ano de 1872 George Smith, este grande estudioso inglês
trabalhava para decifrar as placas que Hassan havia achado. Smith após
desvendar as grandes façanhas de Gilgamesh, notou que a epopeia estava
incompleta, mas o que já havia decifrado o fizera ir adiante, mesmo sabendo que
toda aquela revelação causaria uma verdadeira revolução na Inglaterra puritana
do seu tempo, inteiramente guiada pela Bíblia. Para encontrar o restante da
epopeia um verdadeiro milagre aconteceu. O jornal Daily Telegraph ofereceu um
atrativo prêmio a quem fosse a Kuiundjik procurar as placas restantes que
continham o final da epopeia.
George Smith aceitou o
desafio e um dos maiores milagres da história das escavações arqueológicas
aconteceu, Smith encontrou as placas que faltavam. Assim a narrativa que traz Utnapistim, como
Noé e a grande enchente, catástrofe esta
que depois apareceria na Bíblia como dilúvio, estava
completa. O deus Ea, amigo dos homens, revelou em sonho a seu protegido
Utanapistim, a intenção dos deuses e lhe mandou construir um barco. Esta
narrativa trouxe uma questão perturbadora para a época: a narração da Bíblia
seria uma reprodução da epopeia babilônica?
Para a maioria dos arqueólogos já não se pode atribuir as passagens do
Gênesis como uma invenção dos judeus, mas uma releitura dos mitos sumérios e assírios-babilônicos.
O GÊNESIS BÍBLICO É
UMA CÓPIA DO GÊNESIS BABILÔNICO?
Os
relatos da criação dos povos mais variados apresentam semelhanças incríveis. Isso é compreensível no caso de nações com histórico de intercâmbio –
um povo pode ter influenciado a cultura do outro, mas é especialmente
intrigante quando vemos que povos que não tiveram contato no passado possuem
relatos muito similares ao Gênesis. Os povos das ilhas da Polinésia, por exemplo tem um mito
muito similar ao relato do Gênesis: segundo um mito cosmogônico polinésio, só existiam inicialmente as águas
e as trevas. O deus supremo separou as Águas pelo poder de seu pensamento e
criou o Céu e a Terra. Ele disse: “Que
as águas se separem, que os céus se formem, que a Terra exista!"
O Gênesis
bíblico traz um relato sobre a criação muito similar ao Gênesis
babilônico conhecido por ENUMA ELISH. Este
livro tem cerca de mil linhas escritas em babilônico antigo sobre sete tábuas de argila, cada
uma com cerca de 115 a 170 linhas de texto. A maior parte do Tablete V nunca
foi recuperado, mas com exceção desta lacuna o texto está quase completo. Uma
cópia duplicada do Tablete V foi encontrada em Sultantepe, antiga Huzirina, localizada perto da moderna cidade de Şanlıurfa na Turquia. Este
épico é uma das fontes mais importantes para a compreensão da cosmovisão
babilônica, centrada na supremacia de Marduque e da
criação da humanidade para o serviço dos deuses.
Seu principal propósito original, no entanto, não é uma exposição de teologia ou teogonia, mas a
elevação de Marduque, o deus chefe da Babilônia, acima de outros deuses da
Mesopotâmia.
O ENUMA ELISH
possui várias cópias na Babilônia e Assíria. A versão da Biblioteca de
Assurbanípal data do século VII a.C. A composição do texto, provavelmente,
remonta a Idade do Bronze, nos tempos de Hamurabi ou talvez o início da era cassita (cerca
de século XVIII a XVI a.C.), embora alguns estudiosos favoreçam uma data
posterior a 1100 a.C.
Dadas as suas enormes semelhanças com a
narração bíblica do Gênesis, várias discussões têm surgido sobre qual das histórias é a original e
qual é uma adaptação à religião em causa. Para a cultura babilónica, o ENUMA
ELISH explica a origem do poder real, a sua natureza, a permanência da
instituição e a sua legitimidade. A realeza humana e terrena tem a sua origem
na realeza divina. A divindade continuará a ser o verdadeiro rei e também o
modelo a imitar pelo rei terreno. A existência de um modelo divino impõe
limites à realeza humana.
O Bereshit (Gênesis) não é só um livro
que narra a criação. O livro de Gênesis pode ser dividido em duas seções:
História Primitiva e História Patriarcal. A História Primitiva registra (1)
Criação (Gênesis 1-2), (2) a Queda do homem (Gênesis 3-5), (3) o Dilúvio
(Gênesis 6-9) e (4) a Dispersão (Gênesis capítulos 10-11). A História
Patriarcal registra as vidas de quatro grandes homens: (1) Abraão (Gênesis
12-25:8), (2) Isaque (Gênesis 21:1-35-29); (3) Jacó (Gênesis 25:21-50: 14) e
(4) José (Gênesis 30:22-50:26).
Deus criou um universo que era bom e
livre do pecado. Deus criou o homem para ter um relacionamento pessoal com Ele.
Adão e Eva pecaram e, assim, trouxeram o mal e a morte ao mundo. O mal aumentou
de forma constante em todo o mundo até que houve apenas uma família em que Deus
encontrou algo de bom. Deus enviou o Dilúvio para acabar com o mal, mas salvou
Noé, sua família e os animais da Arca. Após o Dilúvio, a humanidade começou
novamente a se multiplicar e a se espalhar por todo o mundo. Deus escolheu
Abraão, através de quem Ele criaria um povo escolhido e eventualmente o Messias
prometido. A linhagem escolhida foi passada para o filho de Abraão, Isaque, e
então ao filho de Isaque, Jacó. Deus mudou o nome de Jacó para Israel, e os
seus doze filhos tornaram-se os antepassados das doze tribos de Israel.
LIÇÃO 9 - FUNDO HISTÓRICO E RELIGIOSO DO NOVO TESTAMENTO - PARTE II
GRUPOS
RELIGIOSOS DO NOVO TESTAMENTO
Nos Evangelhos lemos sobre os sacerdotes, levitas, escribas e
autoridades; de fariseus, saduceus, herodianos, samaritanos e galileus. E
necessário que saibamos algo a respeito deles, quando surgiram e o sustentavam.
Alguns deles apareceram no V.T. e outros no período inter-testamentario.
SACERDOTES
A palavra “sacerdote,” aparece nos Evangelhos uma dúzia de vezes e a
palavra “sumo-sacerdote,” ou “principais dos sacerdotes,” 84 vezes. O
sacerdócio judaico fora ordenado por Jeová no tempo de Moises, na tribo de
Levi, e a função dos sacerdotes era estritamente religiosa; porem, apos o retorno
do cativeiro babilônico, do tempo de Esdras e Neemias, o poder civil do estado
passou as mãos dos sacerdotes, de modo que eram príncipes da região, bem como
ministros da religião, e o cabeça desta ordem era o “sumo-sacerdote.” No tempo
de Jesus, na sua maioria (Lc 1.5), enquanto religiosos de oficio eram carnais
em espírito. Eram inimigos persistentes de Jesus, pois viam nele uma ameaça a
ordem estabelecida, por isso conspiraram contra ele e foram os responsáveis
intelectuais pela sua crucificação (Jo 18: 3,35).
OS
LEVITAS
Os Levitas eram descendentes de Levi. Eram aceitos no lugar dos
primogênitos dos israelitas e pagavam a Arão o seu preço de redenção. Eram
responsáveis pelo tabernáculo e pelo seu serviço cerimonial e não eram contados
em Israel (Nm 3). São mencionados duas vezes nos Evangelhos (Lc 10:32; Jo
1:19).
OS ESCRIBAS
No tempo do N.T. os escribas eram estudantes, interpretes e professores
das Escrituras Hebraicas e eram considerados de alta estima pelo povo. Eram
inimigos declarados de Jesus e foram publicamente denunciados por Ele por
tornarem a Palavra de Jeová sem nenhum efeito por causa de suas tradições (Mt
16:21; 21:15; 23:2; 26:3; Mc 12:28-40). Eram também chamados de interpretes da
lei (Tora) (Mt 22:35; Lc 10:25; 11:45-53; 14:3).
OS FARISEUS
Os fariseus (separados) surgiram no tempo dos Macabeus e eram chamados
de separatistas pelos seus inimigos por terem se separado da facção ambiciosa e
política da nação. Eram os exponentes e guardas dos escritos e da lei oral. Sua
crença era conservadora em distinção dos saduceus que eram mais modernistas e
racionalistas. A ortodoxia religiosa deles era estéril e assim acusavam a Jesus
(Mt 12:1-2; 23:1-33; Lc 6:6-7; 11:37-54; 12:1) como também a João Batista (Mt
3:7 -12)
OS SADUCEUS
Acredita-se que este nome e derivado de Zadok, o sumo-sacerdote do tempo
de Salomão (I Reis 2:35). Faziam parte da facção aristocrática e política dos
judeus e rivais dos fariseus. A sua crença era modernista. Negavam a existência
dos espíritos, da ressurreição, e a imortalidade da alma. Alcançaram
proeminência durante o tempo dos Macabeus e desapareceram depois da queda da
nação judaica no ano 70 d.C., entraram em colisão com Jesus e foram condenados
por Ele (Mt 16:1-12; 22:23-33).
OS HERODIANOS
Os herodianos eram um grupo mais político do que religioso. Tomaram o
seu nome da família de Herodes e derivavam a sua autoridade do governo romano.
Eram contrários a qualquer mudança de situação política e consideravam Jesus um
revolucionário. Isto explica a forma como se aproximaram de Jesus e a sua
condenação por parte Dele (Mc 3:6; 8:15; 12:13-17).
OS GALILEUS
Esta facção surgiu no norte da Palestina e foram seguidores de Judas da
Galileia, o qual encabeçou uma rebelião contra a dominação estrangeira. Eram
insistentes nos seus direitos e indiferentes aos direitos dos outros. Eram
políticos fanáticos pelos seus direitos e até chegaram a uma violenta colisão
com Pilatos (Lc 13:1-3. Os inimigos de Jesus tentaram identificá-lo e aos seus
discípulos com este grupo (Mt 26:69; Mc 14:70, Lc 23:6).
OS SAMARITANOS
Os samaritanos eram uma raça misturada vivendo na província de Samaria.
No ano 722 AC., Sargao II , imperador assírio, invadiu o reino do norte,
Israel, cuja capital era Samaria e levou cativos os seus habitantes deixando
para trás as pessoas mais pobres e fisicamente menos capazes. Mais tarde,
pessoas da Babilônia, Hamate e de outras nações foram enviadas a Samaria e se
misturaram com os israelitas restantes ensinando-lhes suas formas idolatras de
culto. Esar-Haddon da Assíria um sacerdote da tribo de Levi, o qual habitou em
Betel e lhes ensinou de novo a temer o Senhor. O resultado foi que ainda assim
eles não abandonaram as suas imagens pagas. Quando em 535 AC., o segundo templo
foi erguido os samaritanos ofereceram sua ajuda, a qual foi recusada (Esdras
4:1-3), o que resultou numa inveterada inimizade entre eles e os judeus ( do
reino do sul-Judá), animosidade que estava em pleno vigor nos tempo de Jesus Mt
10:5; Jo 4:9). Por isso tudo devemos prestar muita atenção na passagem do
leproso samaritano (Lc 17:16) e na parábola do bom samaritano (Lc 10:30-37).
OS ESSÊNIOS
Esta palavra deriva-se do grego “essenoi ou essaioi”, que
por sua vez vem do símbolo egípcio “Choschen” que era usado para verter
as palavras “Verdade e Luz”. Eles formavam uma seita judaica na
Palestina durante o tempo de Jesus, mas não são mencionados no N.T. Nossas
principais fontes de informações a respeito deles são Josefo e Philo (primeiro
século), Plinio e Hipólito (segundo século). Os essênios viviam uma vida
simples partilhando tudo o que tinham. Eles eram muito disciplinados, a maioria
deles não era casado. O numero deles era de aproximadamente quatro mil ao todo.
Eles não participavam do serviço no templo, mas tinham um ritual próprio
de purificação, guardavam o sábado e demonstravam grande veneração por Moisés.
Um novo membro era aceito mediante um período comprobatório de três anos, apos
os quais era exigido que este fizesse um juramento para que não revelasse aos de
fora, nem as crenças nem as regras do grupo. Os essênios têm chamado a atenção
publica ultimamente por causa da descoberta dos rolos do mar morto ou rolos de
Qumran e por causa das escavações feitas no monastério Khirbet, onde
provavelmente foram escritos.
Estes escritos e estrutura da construção dão evidencia de uma
organização muito similar aos essênios. Esta estrutura foi ocupada do fim do
segundo século antes de Cristo ate 135 d.C. Segundo alguns historiadores, eles
estiveram em atividade durante este período. Estes escritos revelam que o povo
da comunidade de Qumran eram ávidos estudantes das Escrituras Judaicas. A
maioria deles pereceu com a invasão do Império Romano, os que sobreviveram e
provável que tenham se tornado cristão.
A palavra “diáspora,”que o corre três vezes no N.T., traduzida por
dispersão (Jô 7:35; Tg 1:1; I Pe 1:1) e derivada de duas palavras gregas:
speiro, que quer dizer: espalhar, com o prefixo dia, que significa: através de.
As duas juntas significam “espalhados.” Moisés havia predito que se eles
abandonassem a lei, seriam espalhados Lv 26:33-37; Dt 4:27-28; 28:64-68), e
isto de fato se cumpriu quando os israelitas (reino do norte) foram para a
Assíria em cativeiro em 722 a.C. e os judeus (reino do sul) foram levados por
Nabucodonosor para Babilônia no ano de 527 a.C. A grande maioria destes não
voltou para a Palestina, mas se estabeleceram nas cidades do império Grego e
Romano (veja Atos 2:5; 9-11). Mais tarde, quando houve a perseguição dos
cristãos, judeus convertidos espalharam-se por todo lugar (Atos 8:1,4) 11:19).
A SINAGOGA
As duas palavras gregas aqui juntas são “sun e ago,” que
significam: congrega conduzir, trazer ou juntar-se. Assim sinagoga se refere ao
lugar onde os judeus se reúnem. Esta instituição data do cativeiro da
Babilônia, os judeus ali sentiram a necessidade de se aproximarem em pequenos
grupos para reviverem suas tradições e cultura, já que distantes de sua terra
não podiam mais frequentar o templo. A partir daí esta instituição começou
estar presente transformou-se no ponto de encontro dos judeus no exílio. Lugar
onde se reuniam para culto e instrução religiosa. Jesus estava familiarizado
com a sinagoga, foi numa delas em Nazaré que Ele começou o seu ministério na
Galileia (Lc 4:14-30). A palavra “sinagoga” aparece 34 vezes nos originais dos
Evangelhos (Mt 4:23; 9:35; 12:9; 13:54; Jo 6:59). A frequência às sinagogas já
é uma tradição de 2400 anos, sendo um importante instrumento na educação das
crianças judaicas.
O SINÉDRIO
Esta é uma palavra interessante. Em grego “hedra” significa: um lugar de
assentar e “hedrion” e sua forma diminutiva. “Sun” significa: junto com, dessa
forma temos “sinedrion” que quer dizer: assentar-se junto com ou junta de
conselho. A palavra aparece 22 vezes no N.T, das quais 8 estão nos Evangelhos,
e traduzida por conselho, (uma vez), tribunal (três vezes) e
sinédrio (quatro vezes). A ideia inicial deste corpo pode ser remetida ao tempo
do rei Josafá (II Cr 19:8) ou ate mesmo ao tempo de Moisés (Nm 11:16,17). Nos
dias de Cristo o sinédrio se constituía de:
1. Os principais dos sacerdotes ou cabeças dos vinte e
quatro cursos sacerdotais.
2. Os escribas ou interpretes da lei.
3. Os anciãos que eram representantes dos leigos.
O
conselho tinha setenta e dois membros, cujo presidente era o sumo-sacerdote que
conservava este oficio por anos, e ate de forma vitalícia. Foi diante deste
sinédrio que o nosso Senhor esteve naquela fatídica sexta-feira pela manha no
palácio do sumo-sacerdote. Este foi um ato totalmente ilegal (Mt 26:57-68). O
sinédrio tinha o direito de decretar a sentença de morte, mas não tinha o poder
de executa-la (Jo 18:31; 19:7). Foi diante deste sinédrio que Pedro, João e
Estevão permaneceram inabaláveis. (Atos 4:1-7,6:12,7:1)
LIÇÃO 8 - FUNDO HISTÓRICO E RELIGIOSO DO NOVO TESTAMENTO - PARTE I
É absolutamente necessário
reconhecer que os fatos não são continuados pelo Novo Testamento de onde o
Velho Testamento o havia deixado. Quando viramos as páginas de Malaquias 4 á
Mateus 1, devemos entender que cerca de 400 anos interpuseram-se, e que neste
período grandes coisas aconteceram. Uma leitura atenta levar-nos-á a fazer
muitas perguntas que, na sua maioria, podem ser respondidas pelo período intertestamentário.
Lemos de César Augusto. Quem era ele? E de Herodes. Quem era ele? Na Palestina
havia cidades trazendo nomes gregos. De onde vieram estes nomes? A linguagem
dos habitantes da terra santa não era mais o hebraico. De onde veio a nova
língua? No tempo do nosso Senhor o conselho oficial dos judeus era o sinédrio.
Havia seitas e facções nos dias de Jesus que não existiam no V.T. como:
fariseus, saduceus, escribas, essênios, herodianos. Quem eram estes? Quando foi
que surgiram?
João e Tiago falaram a
respeito da dispersão. A que se referiam? Em todas as cidades judaicas havia
sinagogas. De onde e por que esta instituição apareceu? O templo da época de
Jesus não era mais aquele que existia no V. T. Então, este novo templo quem
construiu? Nosso Senhor estava familiarizado e fazia citações das Escrituras
Hebraicas. Quem reuniu estas antigas escrituras e quando? Estas respostas
encontraremos se pesquisarmos atentamente o fundo histórico e religioso do N.
T., bem como a transição intertestamentária. No fim do Antigo Testamento o
império persa estava no poder e permaneceu assim até o ano 333 a.C. Então,
pelas grandes conquistas de Alexandre o grande, o império grego surgiu e
começou o seu domínio a partir do ano de 323 a.C., seu império, depois da sua
morte foi dividido entre quatro dos seus generais.
Dois destes foram Ptolomeu
e Seleucos. Cada um deles iniciou uma dinastia, o primeiro no Egito e o ultimo
na Síria. Ambos contenderam pelo domínio da Palestina até o ano de 167 a.C., às
vezes um, às vezes o outro se tornava vitorioso. Então veio a luta sob os
Macabeus para a independência nacional dos judeus no ano de 167 até 141 A.C.
Neste período surgiu um governo na Palestina comandado por uma família de
sacerdotes judeus descendentes da família Macabeus, também conhecidos como
hasmoneus,” os quais permaneceram no poder por 78 anos (141– 63 a.C.).
No ano de 63 a.C., o
general Pompeu, o grande, invadiu a Palestina. A partir daí começava uma nova e
muito importante fase da historia, principalmente para os estudiosos dos Evangelhos,
já que para uma melhor compreensão de muitos aspectos do N. T., não podemos
prescindir deste capitulo. Os Herodes eram de descendência dos idumeus e quando
no ano de 31 a.C., César Augusto venceu Marco Antônio na batalha de Actium, o
primeiro dos Herodes o procurou e recebeu de Augusto o poder para governar a
Judéia, Samaria, Galiléia, Peréia e Iduméia. Ele estava no poder quando Jesus
nasceu. Assim vemos neste período intertestamentário o poder mundial passar das
mãos dos Medo-Persas para as mãos dos gregos de Alexandre, o grande, e dele
para os romanos; de modo que a história do N.T. se desenrola sob a égide do
governo romano.
OS HERODES DO NOVO TESTAMENTO
Apresento aqui, a
descrição dos Herodes dos tempos neotestamentários com alguma abundancia de
pormenores. HERODES, O GRANDE, Governante dos judeus de 04 a.C. á 40 d.C., nasceu
provavelmente no ano 73 a.C. Era idumeu ou edomita, isto é, descendente de
Edom, um povo conquistado e levado ao judaísmo por João Hircano, cerca de 130 a.C.,
assim sendo, os Herodes, embora não fossem judeus de nascimento, supostamente
eram judeus de religião. A religião era usada, portanto, como veiculo para
fomento do governo secular, isto é, atendendo aos interesses da família dos
Herodes. Herodes, o grande foi nomeado procurador da Judéia no ano 47 a.C. A
Galiléia, um pouco mais tarde, também ficou debaixo do seu controle. Após o
assassinato de César, Herodes desfrutou das graças de Marco Antônio. O titulo
de Herodes, rei dos judeus, foi lhe dado por ele.
Herodes opunha-se
politicamente aos descendentes dos Macabeus, os quais, tendo por nome de
família Hasmon, eram chamados de hasmoneanos. Estes controlavam Israel antes da
dominação romana e se ressentiam do governo de Herodes. Todavia, Herodes, o
grande, casou-se com uma mulher pertencente a esta família: Marianne, neta do
antigo sumo-sacerdote Hircano II, embora essa medida não tenha posto fim as
suspeitas dos principais hasmoneanos sobreviventes. Por isso mesmo, Herodes foi
assassinando um por um, até que se livrou de todos deles, incluindo a própria
Marianne e até mesmo os filhos que teve com ela.
SUA CRUELDADE: Foi esse
Herodes que perpetrou a matança das crianças com menos de dois anos em Belém da
Judéia (fato este ainda não comprovado por outras fontes históricas da época).
Antes da sua morte mandou assassinar o seu filho Antipater. Também providenciou
que os nobres do seu governo fossem assassinados após a sua morte para que não
houvesse falta de lamentação e tristeza por ocasião da sua morte. Morreu de uma
doença no estômago.
SUAS OBRAS SOCIAIS: Por
toda parte se tornou famoso por suas notáveis atividades como edificador até
mesmo em cidades estrangeiras como Atenas. Em seu território edificou um porto
artificial e o chamou de Cesaréia em homenagem a César. Mas a sua principal
obra foi a reedificação do templo de Jerusalém que ficou ainda mais exuberante
que o de Salomão, isto ele fez para apaziguar os judeus, os quais nunca lhe
perderam por consumido com a família dos hasmoneanos. A edificação deste templo
terminou no ano 64 d.C., mas foi destruído no ano 70 por ocasião da revolta dos
judeus, quando Jerusalém foi invadida e destruída pelos romanos.
ARQUELAU: Chamado de Herodes, o etnarca em suas moedas. Herodes, o
grande, doou o seu reino a três de seus filhos. Judéia e Samaria ficaram com
Arquelau (Mt
2:22). Galiléia e Peréia ficaram com Antipas. Territórios do nordeste couberam
e Filipe (Lc 3:1). Arquelau era o filho mais velho de Herodes, o grande, com
sua esposa samaritana Maltace.
HERODES,
O TETRARCA: também chamado de Antipas (Lc 3:19 e 9:7). Era o filho mais novo de
Herodes, o grande e de Maltace. Os distritos da Galiléia e da Peréia. É
lembrado nos Evangelhos por haver preso, encarcerado e executado a João
Batista, bem como por causa do seu breve encontro com Jesus por ocasião do seu
julgamento (Lc 23:7).
HERODES AGRIPA: Chamado de
rei Herodes em Atos 21:1. Era filho de Aristóbulo e neto de Herodes, o grande.
Era sobrinho de Herodes, o tetrarca, e irmãos de Herodias. Por ofendido o
imperador Tibério foi encarcerado, porem, quando este morreu voltou a
liberdade. Mais tarde recebeu os territórios do nordeste da Palestina como a
Galiléia e a Peréia. O imperador Cláudio aumentou os seus territórios anexando
a Judéia e Samaria aos seus domínios que chegou a ter a mesma proporção do seu
Avô. Mandou assassinar a Tiago, irmão de João, o discípulo amado. Sua morte
súbita e horrível foi registrada por Lucas em Atos 12:23, sendo ali atribuída
ao julgamento divino. Seu filhos eram Agripa, Berenice (At 25:13) e Drusila (At
24:24).
HERODES AGRIPA II: Era
jovem demais para assumir a liderança do seu pai. Mais tarde, recebeu o titulo
de rei da parte dom imperador Cláudio e passou a governar o norte e o nordeste
da Palestina. Nero aumentou os seus domínios de 48 á 66 d.C., ele recebeu
autoridade para nomear os sumos-sacerdotes dos judeus e dos romanos, mas
fracassou na tentativa. Nas paginas do N. T., seu nome é mencionado devido ao
seu encontro com o apóstolo Paulo registrado em Atos 25:13; 26:32. No trecho de
Atos 26:28, lemos: “Por pouco me persuades a ser cristão ”. Em algumas
traduções: “Com bem pouca persuasão pensas em fazer–me cristão?” Em outras:
“Estas apressado a persuadir-me a ser cristão?” Ele nunca esteve próximo disso.
Morreu sem filhos cerca de 100 d.C.
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