LIÇÃO 16
A
MENSAGEM DO ANTIGO TESTAMENTO
A Bíblia é, sem dúvida, um dos mais apreciados legados literários da humanidade. Contudo, o seu verdadeiro valor não se firma de maneira substancial no fato literário. A riqueza da Bíblia consiste no caráter essencialmente religioso da sua mensagem, que a transforma no livro sagrado por excelência, tanto para o povo de Israel quanto para a Igreja cristã. Nessa coleção de livros, a Lei se apresenta como uma ordenação divina (Êx 20; Sl 119), os Profetas têm a consciência de serem portadores de mensagens da parte de Deus (Is 6; Jr 1.2; Ez 2-3) e os Escritos ensinam que a verdadeira sabedoria encontra em Deus a sua origem (Pv 8.22-31).
Esses valores religiosos aparecem não
só no título de Sagradas Escrituras, mas também na forma que Jesus e, em geral,
os autores do Novo Testamento se referem ao Antigo, isto é, aos textos bíblicos
escritos em épocas precedentes. Isso ocorre, p. ex., quando lemos que Deus fala por
meio dos profetas ou por meio de algum dos outros livros (cf. Mt 1.22; 2.15; Rm
1.2; 1Co 9.9) ou quando os profetas aparecem como aquelas pessoas mediante as
quais "se diz" algo ou "se anuncia" algum acontecimento,
forma hebraica de expressar que é o próprio Deus quem diz ou anuncia (cf. Mt
2.17; 3.3; 4.14); também quando se afirma a permanente autoridade das
Escrituras (Mt 5.17-18; Jo 10.35; At 23.5), ou quando as relaciona
especialmente com a ação do Espírito Santo (cf. At 1.16; 28.25). Formas
magistrais de expressar a convicção comum a todos os cristãos em relação ao
valor das Escrituras são encontradas em passagens como 2Tm 3.15-17 e 2Pe
1.19-21.
A Igreja cristã, desde as suas origens,
tem descoberto na mensagem do evangelho o mesmo valor da palavra de Deus e a
mesma autoridade do Antigo Testamento (Mc 16.15-16, Lc 1.1-4, Jo 20.31, 1Ts
2.13). Por isso, em 2Pe 3.16, se equiparam as epístolas de "nosso amado
irmão Paulo" (v. 15) às "demais Escrituras". Gradativamente, a
partir do séc. II d.C., foi sendo reconhecida aos 27 livros que formam o Novo
Testamento a sua categoria de livros sagrados e, em consequência, a plenitude
da sua autoridade definitiva e o seu valor religioso.
Tal reconhecimento, que implica o
próprio tempo da presença, direção e inspiração do Espírito Santo na formação
das Escrituras, não descarta, em absoluto, a atividade física e criativa das
pessoas que redigiram os textos. Elas mesmas se referem a essa atividade em
diversas ocasiões (Ec 1.13, Lc 1.1-4, 1Co 15.1-3,11, Gl 6.11). A presença de
numerosos autores materiais é, precisamente, a causa da extraordinária riqueza
de línguas, estilos, gêneros literários, conceitos culturais e reflexões
teológicas que caracterizam a Bíblia.
HISTÓRIA E CULTURA
A existência de Israel como povo
remonta, provavelmente, ao último período do séc. XI a.C. Era o tempo do
nascimento da monarquia e da unificação das diversas tribos, que viviam
separadas entre si até que, sob o governo do rei Davi, constituiu-se o Estado
nacional, com Jerusalém por capital. Até chegar a esse momento, a formação do
povo havia sido lenta e difícil, mesclada frequentemente com a história das
mais antigas civilizações que floresceram no Egito, às margens do Nilo e na
Mesopotâmia, nas terras regadas pelo Tigre e o Eufrates. As fontes
extra-bíblicas da história de Israel naquela época são muito limitadas,
carentes da base documental necessária para se estabelecerem com precisão as
origens do povo hebreu. Nesse aspecto, o livro de Gênesis proporciona alguns
dados de valor inestimável, pois o estudo dos relatos patriarcais permite
descobrir alguns aspectos fundamentais da origem do povo israelita.
A época dos patriarcas Os personagens
do Antigo Testamento, habitualmente denominadas "patriarcas", eram
chefes de grupos familiares seminômades que iam de um lugar a outro em busca de
comida e água para os seus rebanhos. Não havendo chegado ainda à fase cultural
do sedentarismo e dos trabalhos agrícolas, os seus assentamentos eram, em
geral, eventuais: duravam o tempo em que os seus gados demoravam para consumir
os pastos.
Gênesis oferece uma visão particular do
começo da história de Israel, que é mais propriamente a história de uma
família. Procedentes da cidade mesopotâmica de Ur dos caldeus, situada junto ao
Eufrates, Abraão e a sua esposa chegaram ao país de Canaã. Deus havia prometido
a Abraão que faria dele uma grande nação (Gn 12.1-3 cf. 15.1-21 17.1-4) e,
conforme essa promessa, nasceu o seu filho Isaque, que, por sua vez, foi o pai
de Jacó. Durante a sua longa viagem, primeiro na direção norte e depois na
direção sul, Abraão deteve-se em diversos lugares mencionados na Bíblia: Harã,
Siquém, Ai e Betel (Gn 11.31-12.9) atravessou a região desértica do Neguebe e
chegou até o Egito, de onde, mais tarde, regressou para, finalmente,
estabelecer-se em um lugar conhecido como "os carvalhais de Manre",
junto a Hebrom (Gn 13.1-3,18).
Ao morrer Abraão (Gn 25.7-11 cf.
23.2,17-20), Isaque converte-se no protagonista do relato bíblico, que o
apresenta como habitante de Gerar e Berseba (Gn 26.6,23), lugares do Neguebe
(Gn 24.62), na região meridional da Palestina. Isaque, herdeiro das promessas
de Deus a Abraão, aparece no meio de um quadro descritivo da vida seminômade do
segundo milênio a.C.: busca de campos de pastoreio, assentamentos provisórios,
ocasionais trabalhos agrícolas nos limites de povoados fronteiriços e discussões
por causa dos poços de água onde se dava de beber ao gado (Gn 26).
Depois de Isaque, a atenção do relato concentra-se nos conflitos pessoais surgidos entre Jacó e o seu irmão Esaú, que são como que uma visão antecipada dos graves problemas que, posteriormente, haveriam de acontecer entre os israelitas, descendentes de Jacó, e os edomitas, descendentes de Esaú. A história de Jacó é mais longa e complicada que as anteriores. Consta de uma série de relatos entrelaçados: a fuga do patriarca para a região mesopotâmica de Padã-Arã a inteligência e a riqueza de Jacó o regresso a Canaã o episódio de Peniel, onde Deus mudou o nome de Jacó para Israel (Gn 32.28) a revelação de Deus e a renovação das suas promessas (Gn 35.1-15) a história de José e a morte de Jacó no Egito (Gn 37.1-50.14).
Depois de Isaque, a atenção do relato concentra-se nos conflitos pessoais surgidos entre Jacó e o seu irmão Esaú, que são como que uma visão antecipada dos graves problemas que, posteriormente, haveriam de acontecer entre os israelitas, descendentes de Jacó, e os edomitas, descendentes de Esaú. A história de Jacó é mais longa e complicada que as anteriores. Consta de uma série de relatos entrelaçados: a fuga do patriarca para a região mesopotâmica de Padã-Arã a inteligência e a riqueza de Jacó o regresso a Canaã o episódio de Peniel, onde Deus mudou o nome de Jacó para Israel (Gn 32.28) a revelação de Deus e a renovação das suas promessas (Gn 35.1-15) a história de José e a morte de Jacó no Egito (Gn 37.1-50.14).
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